10/24/2006

Farto de religão

Jesus, judeu, desce até Samaria. Essa caminhada quebra um conjunto de conflitos sociaís existentes entre Judeus e Samaritanos. Chegando a Samaria, junto ao poço de Jacob, encontra-se com uma mulher.
Jesus desfaz a descriminação sexual existente naquela época (e infelizmente ainda existente na nossa).
"Mulher dá-me água!", pediu Jesus. A mulher, espantada por Jesus falar para ela, responde "como tu sendo Judeu (o conflito social), me pedes de beber a mim, que sou mulher (o conflito sexual) samaritana (o conflito social)"?

A resposta de Jesus não tem sentido nenhum. Ele não responde à pergunta desta mulher, antes diz o que ela lhe devia ter dito. "Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é que to diz: Dá-me água de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva". Mais à frente, neste mesmo épisódio, Jesus diz que quem beber daquela água, nunca mais teria sede.
Tudo isto disse Jesus, para conseguir encontrar algo em comum para com aquela mulher; a água.
Daí Jesus parte para o problema sério daquela mulher, pecado e religião.
Jesus diz para aquela mulher ir buscar o ser marido. Ela não tinha marido. Tinha tido cinco, e aquele com quem ela agora estava, nem sequer era seu marido. Jesus mostrou-lhe o pecado dela, e ela afirmou isso mesmo dizendo, "vejo que és profeta", por outras palavras, "acertas-te, essa é a minha condição".
Daí diálogo segue para a religião. "Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar", disse a mulher. Jesus responde "vem a hora que nem neste monte nem em jerusalém adorareis o Pai". Mais à frente Jesus diz que o "pai procura verdadeiros adoradores, que o adorarem em espírito e em verdade". Jesus quebra tudo o que é denominação religiosa. Nem judaísmo, nem "samaritanismo", catolicismo, budismo, ou qualquer outra religião, permite adorar o Pai (Deus). A ligação com Deus é em espírito e em verdade (algo muito pessoal).
Esta mulher após perceber que era pecadora e que a religião era vã, pergunta pelo Cristo (o salvador). Jesus responde "Eu o sou". Sem religião, consciente do nosso pecado, poderemos ouvir Jesus dizer "Eu sou o Cristo", e através Dele, Jesus, adorar o Pai em espírito e em verade.
Quanto mais tempo, iremos demorar a entender que a religão é vã?

7 Biblos:

Unknown disse...

Escrevestes sobre algumas das "verdades-tabu" dos dias de hoje, embora a passagem tenha contenha em si mesma o peso dos séculos, e a sabedoria de Deus.
O problema não é nem nunca foi a validade da mesma.
O problema sempre foi o de que "eu não me enquadro nesse relato, mas tu sim".
Acontece com as pessoas.
Acontece com as denominações.
Acontece com tudo e todos.
Isso tem um nome.
Religiosidade.
Uma religiosidade ditada pelo diâmetro do "crivo" que aplicamos à nossa apreciação dos factos, e pelo qual ainda hoje nos é demasiado dificil admitirmos que de algum modo não possa ser assim.

Deixo-vos com Lucas 6:41

Ana disse...

Falas muito em sociedade e conflitos sociais...porquê?

Daniel disse...

Os conflitos a que me refiro, no post, é entre Judeus e Samaritanos.
Ambos são israelitas, mas os Judeus odiavam-nos a ponto de fazer um desvio de 60 km's, para não passarem por samaria. Os judeus consideravam os samaritanos, pessoas de segunda classe, pessoas sem valor. Jesus ao falar a alguém samaritano, sendo Judeu, quebra esse preconceito. Aplicando aos dias de hoje, a Igreja (judeus) deve ver os outros (samaritanos) como iguais.
O outro conflito era o sexual. As mulheres eram consideradas pessoas sem alma, que não podiam entrar no céu. Não comiam à mesa com os maridos, só após estes almoçarem, caso sobrasse almoço. Um Rabi, como Jesus, nunca falaria com uma pessoa dessa, mas Jesus quebra esse preconceito, mostrando que Homem e Mulher são iguais e merecedores de atenção.
Era a isto que te referias ana?

Ana disse...

O que eu me referia é que, após ler o que escreves, nota-se uma abordagem sociológica. Tens formação nessa área?

Daniel disse...

Não. Não sou formado em área nenhuma.
Preocupo-me com a sociedade porque vivo nela, e acredito que tenho o dever de tentar fazer dela algo de melhor.
Basicamente é isso, Ana.

Ana disse...

Estás de parabéns.......eu apenas tinha essa curiosidade porque a minha formação é em sociologia e adorei os teus textos, especialmente a forma como tu os interages com a Palavra de Deus.

Daniel disse...

Obrigado. Vindo da parte de uma socióloga tenho de considerar isso como um elogio.