2/26/2007

Uma possível carta a um agnóstico chamado Jorge

Caro Jorge, tenho há muito a intenção de estar contigo, de forma que possa partilhar contigo aquilo em que acredito e o que me leva a crer nisso mesmo.

Bem sei que não partilhas da mesma opinião que eu, pois dizes não existir evidências suficientes para provarem a existência de Deus, e por essa mesma razão vês-te impossibilitado de nele creres. Não quero de forma alguma agredir a tua convicção, somente te quero levar a ponderar sobre o que te apresento nesta carta.

Assim, sem mais demora, apresentar-te-ei, em seguida, os meus argumentos com o objectivo de te levar a reflectir novamente neste tema.

Sinceramente, entendo-te quando dizes não existir evidências sensoriais que provem a existência de Deus. Ao fim ao cabo não deixa de ser verdade, pois não conseguimos ver Deus como se vê um ser humano; tocar em Deus como tocamos no nosso próximo; ouvir Deus da mesma forma que ouvimos as vozes dos que nos rodeiam nas conversas de café; sentir o seu odor pois Ele não tem um corpo que imita cheiro; ou mesmo saboreá-lo apesar do texto bíblico dizer "provai e vede que Deus é bom", mas entenda-se que este texto é uma ilustração.

Mas se esse argumento é válido, então muitas das coisas que todos nós consideramos reais, estão em risco de simplesmente não existirem, não serem reais.

Acompanha-me no meu raciocínio.

Tenho-te como um homem de família, alguém que ama a sua mulher e filhos. Mas já pensas-te nisto que te vou dizer?

Será que alguma vez viste fisicamente o amor que sentes pela tua mulher? Ou tocaste no amor que dizes sentir por ela? Será que alguma vez tiveste uma conversa com esse amor? Sentiste o cheiro do amor que tens por ela? E o sabor? Saboreias-te o amor?

É claro que não! O amor não tem corpo; não se pode ver, tocar, cheirar, comer ou ouvir! No entanto, não colocas em questão a existência desse amor. Porquê? Porque experimentas, sentes e vives o amor. O amor faz-te sentir emoções que nunca viveste, fazer loucuras que nunca farias. O amor, apesar de não ter um corpo que prove a sua existência, é tão real que muda a tua vida.

Na verdade, nem a tua esposa vê, toca, cheira, saboreia ou ouve o amor que sentes por ela. Na realidade o que ela vê, na vossa relação, são os efeitos, as consequências do teu amor por ela, e por isso, apesar de não ter evidências sensoriais, notórias aos cinco sentidos, ela sabe que o teu amor por ela é real.

Ora se me entendes e concordas comigo, acreditas que o amor pela tua esposa é real porque o experimentas. No entanto, o que experimentas é algo sem substância, algo que na verdade, perante os nossos sentidos, não pode ser provado como real.

Acreditas no amor porque viste, experimentas-te, os seus efeitos na tua e na vida da tua mulher.

Acreditas no amor que não vês, mas não crês que Deus exista porque não o vês, e nesse caso existe alguma incongruência da tua parte.

Na verdade talvez não haja, pois o problema é que nunca experimentaste Deus. Mas agora, depois de te expor este exemplo, gostava que pudesses abrir a possibilidade que da mesma forma que o amor é real, sem que no entanto seja notório aos teus sentidos, também Deus possa ser real mesmo que não o vejas.

Acrescenta na minha linha de pensamento mais este pormenor. O amor já existia antes de tu amares a tua mulher? Sim, claro que sim! Isso realça que mesmo quando não o sentias ele era real.

Colocando isto na questão acerca da existência de Deus podemos observar o seguinte; Deus pode existir apesar não ser notável aos nossos sentidos naturais, tal como o amor existe apesar de não se ver; Deus pode existir mesmo que nunca o venhas a experimentar, tal como o amor já existia antes de amares.

O que provou para ti a veracidade do amor? Foi a experiência, foi senti-lo, foi veres os efeitos dele em ti. Da mesma forma, Deus só será "real" para ti se o experimentares pessoalmente.

Repara, será que pudemos dizer que nunca vimos um efeito, algo que prove que Deus exista? De que outra forma poderemos entender a nossa existência? Como tudo surgiu? Se Deus não nos criou, então não somos criaturas porque não fomos criados. Será lógico acreditar que uma massa informe, sem inteligência, sem complexidade, sem vida, criasse forma, inteligência, complexidade e vida? Creio que não!

Assusta-me pensar que se acredita que somos produto dessa massa. Pensar que não fomos criados, que não existe uma razão real para existirmos, e sim que somos produto de um acontecimento sem causa (se é que isso é possível), de algo sem objectivos, tira-me toda a beleza e a vontade de viver. Para bem da raça humana, é bom que Deus exista, pois só Ele pode dar razão, sentido à nossa existência.

Penso que quando olhas e vês a natureza, a criação, podes conhecer algo sobre Deus (não que a natureza seja Deus, mas porque Ele é o criador dela), o seu poder criador.

Mas se o problema é conhecer Deus, experimentá-lo, então ouve uma pessoa na história que se afirmou Deus. Se o que Ele disse é verdade, então não realidade, Deus já foi visto e experimentado. Os cinco sentidos das pessoas que com Ele conviveram, experimentaram Deus pessoalmente. Falo, e bem sei que o sabes, de Cristo.

Não sei se sabes, mas a própria Bíblia afirma o que tu dizes, "Ninguém jamais viu a Deus".

É verdade. Deus nunca foi visto, tal e qual como é, por nenhum humano. Mas o texto que afirma o que tu dizes, conclui dizendo "O Deus unigénito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer", fazendo referência a Jesus.

A questão que o texto levanta é que Cristo mostrou Deus sendo Ele próprio Deus. Repara "ninguém viu a Deus… o Deus unigénito… esse o deu a conhecer". Ninguém conheceu Deus, mas Deus deu-se a conhecer na pessoa de Jesus. Assim o convite que a bíblia te faz, se queres conhecer Deus, é olhares para vida de Jesus, pois Ele, o "Deus unigénito", revelou o Deus que "ninguém viu".

É-me impossível relatar-te tudo o que Jesus fez, mas o que Ele fez, segundo o texto que te indiquei acima, revela o que Deus é. A melhor forma de veres o que Jesus foi, é lendo os quatro evangelhos que encontram na Bíblia Sagrada, mas quero deixar-te desde já algumas indicações sobre o que Ele "foi".

Se Jesus é Deus, se Jesus revela o que Deus é, então Deus é alguém que dá segundas oportunidades a todas as pessoas de mudarem de vida (quando puderes lê João 8).

Se Jesus é Deus, então Deus odeia hipocrisia porque Jesus constantemente alertava contra a hipocrisia (são muitas as passagens em que Ele acusa os religiosos de hipócritas).

Se Jesus é Deus então Deus deseja que as pessoas o conheçam (Lê João 4 e repara que Jesus diz "se conhecesses" e de seguida dá-se a conhecer).

Se Jesus é Deus então Deus trata a todos de forma igual (Será necessário tomares algum conhecimento da cultura da época para reparares nessa verdade).

Se Jesus é Deus então Deus morreu por todos para redenção de muitos.

Se Jesus é Deus então Deus não está morto como alguém disse na nossa sociedade.

Se Jesus é Deus então o céu e o inferno existem.

Se Jesus é Deus então nem todos entrarão nos céus.

Se Jesus é Deus então nem todos irão para o inferno.

Se Jesus é Deus então Deus ama a todos, mas não é amado por todos.

Se Jesus é Deus então podes conhecer Deus.

É impossível relatar. Muitas são as histórias onde Jesus intervém e cada uma delas mostra uma vertente diferente. Umas mostram amor, outras justiça, ira, compaixão, misericórdia etc…

Se a tua mente ficou aberta a pensares que podes conhecer Deus, apesar de não o veres, como conheces o amor que não vês; então peço-te que leias com atenção, sinceridade e abertura de coração os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João e que observes minuciosamente a vida de Cristo. Isto porque se é verdade que Jesus, o Deus unigénito, deu a conhecer Deus, então olhando para Ele podes conhecer aquilo que não conheces, e assim passares a crer naquilo que, segundo o meu ponto de vista, é fundamental crer.


 


 

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