5/29/2007

Uma figueira sem figos

"Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque. E, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar".


 

Sei que a figueira representa a nação de Israel e que toda esta parábola tem uma lição enorme para essa nação; mas o que pretendo transmitir nesta breve exposição é algo mais "devocional", algo mais particular. Imagina:

Se tivéssemos uma figueira o que faríamos por ela? Qual seria o nosso desejo para a figueira? Logicamente que desse fruto. Para que isso pudesse acontecer, investiríamos nela; cuidaríamos dela para crescesse saudável. Não faríamos isto porque somos loucos, mas porque temos esperança de que ela produza figos. Temos esperança na figueira!

No entanto no ano seguinte, na época de colheita, chegamos lá e… e nada! A figueira está vazia! Não há figos! Não ficaríamos tristes? Para quê o cuidado? Valeria a pena tentar outra vez?

Bem! Depois de pensarmos e reflectirmos chegaríamos à conclusão de voltar a dar uma oportunidade à pobre da árvore, afinal ainda temos esperança que venha a dar fruto!

Mas o resultado é o mesmo e ao fim de três anos de investimento, nada! A figueira não produziu nada! Começamos a ficar chateados. A "esperança" na figueira começa a desaparecer e pensamos em retirá-la da nossa vinha, mas um homem que nós contratámos para trabalhar na vinha pede que a deixemos por mais um ano, na condição de que se ela não produzir no ano seguinte, seja cortada.

Antes de continuares a ler, pensa no que leste até aqui. Como te sentirias se fosses o dono desta figueira?

Agora coloca Deus Pai como dono da figueira e coloca-te a ti na figueira! Lembra-te de todo o investimento que Deus tem feito em ti ao longo de todo um ano! Lembra-te da morte de Cristo para te salvar; do Espírito que te deixou para te consolar; da Sua Palavra para te guiar! Não serão estas dádivas, "investimentos" para que tu possas produzir frutos? E os dons e talentos que tens recebido? Não serão "investimentos" de Deus na tua vida com o mesmo objectivo?

E quais são os frutos que tens dado? Existem, por acaso? O que será que Deus pensa de ti como "figueira"?

Mas Deus como é bom, dá-te mais uma oportunidade, ou duas, ou três, etc… com a esperança que tu produzas algo de bom, que dês frutos correspondentes à tua nova natureza (cristã), tal como se espera que a figueira dê figos.

Mas chega a altura, por não teres dado fruto, em que Ele se "cansa" e diz que deves ser cortado mas ainda assim concede-te mais uma oportunidade. Tens mais um tempo para dar fruto, para mostrares o que és verdadeiramente; mas não tens todo o tempo do mundo para o fazer. Por acaso já viste como acaba o texto? "Se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar".

Reflecte no que pode ser esta consequência (cortar) na tua vida, caso continues a não produzir fruto nenhum, por um longo período de tempo. Se és cristão tens de mostrá-lo, tem de se ver, o fruto da tua nova natureza tem que surgir, senão algo está errado!

Leia Mais…

5/23/2007

Morreu um amigo

Morreu um amigo! Quem conheceu o Carlos Baptista, sabia que era um homem com a capacidade de se fazer criança; era alguém que amava os que o rodeavam, vibrava com peças de teatro, musica, enfim um homem das artes!

No entanto o seu corpo traiu-o. O seu coração adoeceu; ficou fraco na carne mas no espírito era forte, cheio de amor. Nunca esquecerei que pregou na minha conversão, que me ensinou o que sei sobre teatro, não me esquecerei do 11 que me deu na disciplina de Escola Dominical; enfim nunca me esquecerei dele.

Salvo erro, ele escreveu uma música que dizia:

"Neste dia feliz

neste santo lugar

eu marquei um encontro com Deus"

Ele marcou um encontro com Deus, mas agora Deus marcou um encontro com o Baptista num santo lugar, o céu, num dia feliz, pois "Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos" (salmos 116:15).

Até breve Baptista

Leia Mais…

5/01/2007

Judas predestinado a trair Jesus?

Introdução ao trabalho

No trabalho que apresento, pretendo reflectir sobre a suposta "predestinação" de Judas, apresentada no evangelho de Judas. Estaria Judas realmente predestinado a entregar Jesus? O que dizem as escrituras sobre isto? Serão as profecias descrições ou determinações de Deus? As profecias retiram o livre arbítrio do ser humano?

O evangelho de Judas

"O Evangelho de Judas é um evangelho apócrifo, atribuído a autores gnósticos nos meados do século II, composto de 26 páginas de papiro escrito em copta dialectal que revela as relações de Judas com Jesus Cristo sob uma outra perspectiva: Judas não teria traído Jesus, e sim, atendido a um pedido deste ao denunciá-lo aos romanos".

Segundo o evangelho de Judas, este seria um discípulo com uma maior capacidade ou dimensão espiritual que todos os outros. Esta ideia é claramente reflectida através do texto incluindo no evangelho que diz "…o homem perfeito (…) que se erga perante o meu rosto (…) todos disseram: nós somos fortes (…) não puderam ousar erguer-se perante a sua presença salvo Judas Iscariotes"

O evangelho destaca de forma notória, a pessoa de Judas de entre todos os outros discípulos, ao ponto de colocá-lo como alguém capaz de receber uma revelação maior.

Nessa suposta revelação que Jesus lhe entrega, ficou a saber que estaria destinado a entregar o seu mestre às autoridades locais, "Tu (Judas), no entanto, serás mais do que todos eles, pois o corpo que eu levo, tu o sacrificarás".

Assim o evangelho de Judas apresenta o discípulo como um herói, que é utilizado por Deus, sem hipótese de escolha, para que Cristo redima o mundo. Segundo este evangelho a entrega de Jesus por Judas, não é um acto de traição mas sim um acto de obediência.

As profecias, determinações ou descrições?

Estava claramente profetizado nas escrituras do A.T. que Jesus seria entregue, traído por um amigo íntimo,
"Pois não era um inimigo que me afrontava; então eu o teria suportado; nem era o que me odiava que se engrandecia contra mim, porque dele me teria escondido. Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e meu íntimo amigo. Consultávamos juntos suavemente, e andávamos em companhia na casa de Deus". Noutro texto o salmista acrescenta pormenores sobre a traição, "Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu tanto confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar".

Estava também profetizado o valor pelo qual Jesus seria entregue, "E pesaram o meu salário, trinta moedas de prata".

Existem profecias bíblicas que revelam acontecimentos futuros e que descrevem os intervenientes; como o caso da profecia Isaías sobre Ciro cerca de cem anos antes deste nascer, "Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão".

No entanto, em nenhumas das profecias sobre a traição é apresentado um nome. Deus através das profecias sobre a traição estava "descrevendo o que iria acontecer e não pretendendo determinar o que deveria acontecer". Deus não determinou um homem em especial, não determinou a traição, antes descreveu o homem e a traição, e a profecia tornou-se um facto real, através de Judas.

Este não é um caso isolado. Por exemplo, o cativeiro do reino de Israel sob o jugo da Assíria. Deus descreveu o que iria acontecer caso o povo não se arrependesse, Deus descreveu os acontecimentos mas não estava pré-determinado a existência de um cativeiro, pois se assim fosse não existiria forma desse cativeiro não acontecer, e o texto sagrado mostra que caso o povo se arrepende-se o cativeiro não aconteceria.

Quando observamos o diálogo de Jesus com Pedro em que Jesus diz que Pedro o negará, temos de o observar como uma descrição do que Pedro iria fazer e não como uma determinação. Se o fizermos estamos a declarar que o próprio Deus determinou que Pedro falhasse e negasse a sua fé.

Se abordarmos as profecias em questão como determinações e não como descrições, estamos a afirmar que Deus determinou alguém a pecar traindo o seu filho Jesus.

As profecias retiram o livre arbítrio dos intervenientes?

A questão sobre a predestinação de Judas é uma falsa questão no contexto bíblico. Ainda que Deus o tivesse "escolhido" para cumprir tal missão, de forma alguma a escolha de Judas seria colocada de parte.

Podemos observar isso através de outros homens, a quem Deus atribuiu missões antes de estes nascerem.

Olhamos para Sansão de quem Deus disse, "Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre; e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus", e observamos que Sansão não cumpriu na íntegra o que Deus determinou a seu respeito; apesar de no fim da sua vida, após se arrepender, ter tirado a vida a milhares de filisteus.

Olhamos para João Baptista, a quem Deus elegeu ainda antes da sua concepção, "Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus, E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem-disposto", e observamos que apesar de eleito, o cumprimento da sua função não era um dado adquirido, pois diz noutro texto o seguinte, "Este veio para testemunho, para que testificasse da luz". A palavra "testificasse", no grego "marturh,sh", encontra-se no "subjuntivo aoristo activo 3ª pessoal do singular". O facto de se encontrar no subjuntivo revela que não era certo, apesar de provável, que João testemunhasse, ainda que tivesse sido eleito para isso. Porquê? Porque o homem, o ser humano, tem hipótese de escolher.

Tal facto mostra que apesar de Deus eleger homens para propósitos definidos, não os obriga a os cumprirem. Por isso, "caso Judas tivesse sido eleito" para trair Jesus, ele teria tido a possibilidade de não executar esse plano.

Se predestinado, porquê condenado?

O evangelho de Judas apresenta Jesus quase que a permeabilizar Judas pelo que ele iria fazer no futuro.

No final de contas o que o evangelho de Judas pretende é desculpabilizar o traidor, alegando que o seu acto foi um mal necessário para que o bem sobressaia ou saía vencedor. Essa ideia assenta no conceito dualista do gnosticismo "que absolutiza o bem e o mal". "No entanto, se no gnosticismo o mal é tão absoluto quanto o bem, no cristianismo o mal é um parasita do bem, sujeito a Deus – cuja soberania age no sentido de fazer com que os feitos maus dos homens acabem cooperando para Seus desígnios. A distinção é clara: Deus faz o mal cooperar, mas os homens não são por isso inocentados de seus actos maus".

As palavras de Jesus são notórias, "Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido".

Ora se na verdade Judas estava predestinado a ser o traidor, não haveria sentido nenhum nestas palavras de Jesus. Qual o sentido de Deus culpar alguém por vir a fazer o que Ele determinou que ele fizesse? Deus seria no mínimo injusto em condenar alguém por fazer a Sua vontade.

Conclusão


É verdade que alguém tinha de entregar Jesus, pois foi dito nas profecias que assim seria, mas não tinha obrigatoriamente que ser Judas.

Na realidade "Deus usa o livre arbítrio do homem em seus propósitos, sem destruí-lo". A escolha, como sempre acontece, pertence ao homem.

Como diz Champlin, "de alguma forma a vontade divina coincidiu com seu (Judas) livre arbítrio, tendo usado o mesmo para realizar o propósito de Deus". Se Judas fosse forçado a fazer tal decisão ele não seria moralmente responsável e ele próprio assumiu a sua responsabilidade na traição quando disse, "Pequei, traindo sangue inocente".

Não houve nenhum acordo como o evangelho de Judas pretende demonstrar, pois se o acordo era Judas entregar Jesus, então porque é que Judas, após ter entregue Jesus, usou a expressão "traindo"?

Melhor, porque diria Jesus "Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?", se Judas estava a fazer aquilo que Ele lhe havia dito para fazer?

Ora qual seria o seu pecado se estava em obediência à vontade divina para a sua vida?

Concordo com quando Champlin diz, "Judas poderia ter vencido, mas recusou-se a lutar contra as suas veias maléficas".

Judas não estava predestinado, ele foi descrito no A.T., mas Deus não o escolheu especificamente para o fim que o evangelho de Judas apresenta.


Leia Mais…