11/03/2010

Formas de Olhar!

Génesis! O livro dos começos, o livro onde tudo inicia! livro onde Deus a humanidade se cruzam; livro onde mal e bem se cruzam; livro onde começam os homicídios, poligamia, etc etc... simplesmente, onde tudo começa! Nesse inicio existiu algo comum e cíclico no "designer" da criação... Ele via o que fazia e tirava a sua conclusão; conclusão essa que nas primeiras cinco vezes que foi realizada foi, "viu Deus que era bom"!

A luz era boa, as águas, os animais, tudo... tudo era bom! chega ao protótipo final, o topo do que ia ser criado, e algo inesperado acontece! No meio da perfeição ouve-se a voz auto-critica do seu criador, "não é bom..."!

O que não era bom? O que estava mal? não era algo imperfeito, simplesmente estava incompleto... mas o que fascina é a Sua capacidade de observação, capacidade auto-critica, profunda, não-superficial, sobre os seus próprios actos e escolhas... Foi essa capacidade que permitiu que um erro não ocorresse na perfeição, foi por causa dessa capacidade de observação que é feita a mulher, pois "Viu Deus" que não era "bom que o homem estivesse só"...

Esta foi a forma do criador olhar! Não reteve a sua visão no superficial, na beleza do que havia sido criado até ali; não teve como preconceito o facto de todos os seus actos anteriores terem sido bons; deduzindo, por isso, que o último não precisava de avaliação e de um olhar atento. Não! Não foi superficialmente que ele viu que "não era bom" o que estava feito.

Segue o relato, começa a história da humanidade... as miticas personagens do Eden; Adão, Eva e uma cobra que fala.

Eva, até ali sem nome, pois só depois o receberia, olha para a árvore, a tal árvore! não é macieira, como diz a tradição; o nome que lhe foi dado foi, "árvore do conhecimento do bem e do mal"! que tipo fruto seria? de certeza que delicioso, pois se assim não fosse Eva não o daria a Adão, mas recuemos.

Recuemos ao momento do diálogo entre a serpente e Eva; recuemos ao momento em que Eva olhou para a árvore! Ela olhou e não viu que "não era bom", antes deliciou-se, regalou-se os olhos, pois o fruto era apetecível, mas não viu fundo, não olho para lá do aspecto.. ela não compreendeu a forma como o criador olhou no inicio, ela não compreendeu que a razão dela própria existir se devia a um olhar profundo e critico do criador...Ele olhou fundo, ela olhou na superfície....

Segue o relato, chegasse ao capitulo seis, e diz que "os filhos de Deus (Sejam lá quem forem) olharam para as filhas dos homens (sejam lá quem forem) e viram que eram formosas" e como conclusão dessa atitude, Deus declarou que os homens eram "carnais"! Seriam carnais por apreciarem o que é belo? ou seriam carnais por olharem para a aparência? conclusão, repetiram a forma de olhar de Eva!

Segue o relato, chega o capitulo treze e uma família abastada encontrasse num dilema! A terra era pequena para sustentar as duas casas representadas na história! Ló e Abrão tinham agora que decidir e seguir caminhos diferentes; Abrão dá a primazia da escolha ao seu sobrinho ló e este olha "e viu um campina bem regada ... que se estendia até sodoma... e os homens de sodoma eram maus".

Assim foi, Ló ficou com essa campina e enriqueceu de tal forma que se estendeu até essa cidade! Mais tarde nessa cidade, para proteger duas visitas dispôs-se a sacrificar a virgindade de duas filhas; mais tarde, na fuga da cidade que ele não tinha visto quando olhou superficialmente para a campina, perdeu a sua esposa!

Conclusão, se ele tivesse olhado com profundidade e não para o que os seus olhos mostravam, provavelmente nunca teria ficado viúvo!

É melhor parar no relato e simplesmente entender e partilhar, que o melhor de tudo é não olhar para a aparência do que ou de quem surge na nossa frente... É bom ter um olhar critico e profundo; esse olhar previne erros, esse olhar previne desilusões.

Formas de olhar definem o rumo da nossa existência.

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Preconceitos e Expectativas

 

De todas as atitudes ou posições que como humanos tomamos de forma quase automática, a atitude ou acto de definir, rotular, algo ou alguém sem o conhecer interiormente é a que pode trazer piores consequências, seja para o que é definido como para o que define.
Tendencialmente o preconceito carrega um sentimento negativo em relação a algo ou alguém. São inúmeros os casos de pessoas que por terem penteados, cores de cabelo, vestes diferentes do que é tido como normal, são vítimas de descriminação por parte daqueles que não os conhecem. Porquê? Porque aquele que observa o outro que é diferente, é intolerante ao ponto de querer que o mundo seja e pense como ele. Casos destes ocorrem aos milhares no dia-a-dia.
No entanto, menos observado do que acima referi, existe um outro tipo de preconceito que se pode tornar ainda mais destruidor do que o que referido; normalmente é chamado de "expectativa".
Ao contrário do caso acima citado, a expectativa não envolve, geralmente, sentimentos negativos, antes positivos em relação a outro. Não conhecemos intimamente algo ou alguém, mas quando ele se atravessa no nosso caminho imaginamos atitudes, sonhos, obra de vida, para essa pessoa; normalmente são os nossos próprios sonhos, aquilo que desejávamos fazer mas não conseguimos, que esperamos daquele recém-conhecido.
Passa o tempo e aquilo que era esperança não vira realidade! A pessoa fica "aquém" do que se esperava. Frustração e mudança de opinião ocorrem imediatamente; Porquê? Por falta de lógica racional!
Da mesma forma que é incompreensível rotular alguém que não se conhece pela negativa, é incoerente também esperar algo de alguém que não se conhece. Como podemos esperar que uma árvore dê maçãs se não nos certificarmos que é uma macieira?
Que terá este pensamento de cristão? É que o próprio Cristo passou por isto!
Quando se apresentou como Messias, os que andavam com ele criaram uma expectativa imediata! Ele livraria os Judeus do Jugo dos romanos.
Jesus Morreu, pouco tempo depois ressuscitou e a expectativa foi relembrada, "senhor, quando restaurarás tu o reino de Israel"? Era isto que eles esperavam, esta era a ideia pré-concebida que eles viam em Jesus.
Jesus respondeu, "não vos pertence saber...", como que dizendo, não é com que isso que se devem preocupar. Nem quero imaginar o pensamento daqueles homens. Os três anos de convívio com Cristo devem ter circulado na mente deles em três segundos; a expectativa não se cumpriu!
Como poderiam eles evitar esta resposta? Como poderiam evitar esta desilusão? Não esperando que Cristo fosse ou fizesse algo que ele não tivesse prometido ser ou fazer naquele tempo.
Da mesma forma, a única via de não frustrarmos relações com base em expectativas de uns para com outros, é simplesmente ter como única expectativa (passe a falha filosófica) que a pessoa seja aquilo que foi criada para ser e não aquilo que nós desejamos que seja.

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